O tempo passa e continuamos a ver nos noticiários o "recorde" brasileiro, "exemplo internacional" no quesito reciclagem de latas de alumínio. Segundo Associações do setor e publicado em diversas mídias, o Brasil reciclou 96,5% das latas de alumínio utilizadas para bebidas no ano de 2007. O aproveitamento segundo estas associações, chegou a 160,6 mil toneladas de sucata de latas (correspondente a 11,9 bilhões de unidades). Isto mantém o Brasil na liderança mundial de reciclagem. Para se ter uma idéia, este mercado movimentou em 2007 cerca de R$ 1,8 bilhão e significou uma geração de emprego e renda para cerca de 180 mil pessoas. Um dos argumentos utilizados [sic] é a economia de energia gerada pela reciclagem, que chega a "1.576 GWh/ano, o que equivale a 0,5% de toda a energia gerada no país e o suficiente para abastecer uma cidade como Campinas, de 1 milhão de habitantes.... a energia utilizada é de apenas 5% do que seria necessário para produzir a mesma quantidade de novas latas".
Verdadeiro exemplo ecológico, certo? Errado. O Brasil é recordista em troca de latas de alumínio por arroz e feijão. Catar lixo virou a única fonte de renda de milhões de brasileiros, isso não é exemplo ambiental, e sim exemplo de exclusão social. Quantas mães puxam carrocinhas com suas crianças amontoadas ao lixo, enquanto deveriam estar nas escolas. Se quiséssemos ser um exemplo mundial, deveríamos bater o recorde de utilização de embalagens retornáveis (vidro), pois a reutilização sem reciclagem gasta muito menos energia no processo produtivo e de fato ajuda o meio ambiente. Para isso vamos bater na preguiça e no hedonismo do cidadão, que prefere jogar no lixo uma lata do que buscar na despensa de sua casa algumas garrafas vazias para trocar no supermercado. Isso, de fato, estas associações não querem fazer, pois reciclar virou um grande negócio, com uma fachada verde. Volto a insistir, tire uns minutos e assista ao vídeo no rodapé desta página, tenha coragem de mudar seu paradigma. O cidadão verdadeiramente consciente é capaz de distinguir fatos ecológicos de discursos falaciosos.